Olá, pessoal! Sempre que falamos em cirurgias pet, como castração ou entrópio, sabemos que é preciso também de uma anestesia prévia. Mas percebo que pouco se fala da importância, riscos e tipos de anestesia para cachorro e isso é fundamental para que a cirurgia seja possível e os riscos controlados.
O tutor precisa entender os tipos e riscos de cada anestesia para cachorro a fim de escolher o que é melhor para o seu animal e até pra saber porque os valores são tão diferentes. Por isso, conversamos com a veterinária anestesista Dra. Barbara de Paula para entender o mundo da anestesia para cachorro, a quem já agradecemos por dividir conhecimento aqui no Blog. Vem aprender com a gente?
O que é a anestesia para cachorro?
A anestesia é um procedimento que, utilizando-se os medicações apropriados, os anestesistas promovem a inconsciência, imobilidade, relaxamento e controle de dor do paciente, para que o mesmo possa ser submetido a procedimentos invasivos e dolorosos, com tranquilidade, segurança e bem-estar. Ou até mesmo procedimentos não invasivos. Mas, que são desconfortáveis ou que seja necessário que o animal fique imóvel por um período.
Como vimos, a anestesia é usada não só para as cirurgias. Mas também em casos em que o animal precisa passar por um exame ou limpeza dos dentes, onde não há invasão cirúrgica, mas que ele precisa ficar imóvel. É o caso de ressonância ou mesmo da coleta de sangue em cães reativos, como foi o caso do Leon.
Tipos de Anestesia para Animais
Anestesia para cachorro não é tudo igual, existem tipos diferentes e cada uma tem suas vantagens, como nos explicou a dra. Bárbara:
Uma das principais vantagens da anestesia total intravenosa (conhecida como anestesia injetável para cachorro) é a ausência de poluição ambiental, que as medicações utilizadas na anestesia inalatória, acabam causando. Além de oferecer boa estabilidade ao cachorro, quando bem empregada, não provoca grandes variações em alguns parâmetros vitais, como pressão arterial.
Já a anestesia inalatória para cães tem a vantagem da rápida recuperação animal e permite controle dinâmico. Ou seja, maior facilidade/rapidez para nós anestesistas, ajustarmos o plano anestésico (profundidade anestésica) do pet.
Existe também a Anestesia Parcial Intravenosa, onde usamos medicações em infusão, como na anestesia intravenosa, em conjunto com a anestesia inalatória, tendo uma anestesia balanceada. Dessa maneira, conseguimos utilizar o mínimo possível de cada medicação, reduzindo efeitos colaterais de cada um, visando uma melhor recuperação anestésica do animal.
Nós só utilizamos a anestesia injetável na castração da Maya, em 2016. Ela se recuperou muito bem, mas a volta dela foi mais lenta, comparada com a recuperação dela em cirurgias com anestesia inalatória.
Outro ponto é que independente do tipo de anestesia para cachorro escolhida, o animal deve passar por um pré-anestésico que é o começo da preparação dele. Porém, pode parecer estranho tomar um anestésico que antecede a anestesia. Por isso, pedimos mais explicações:
A avaliação pré-anestésica é importante para conhecermos o paciente e assim determinar a condição física e risco anestésico, através do histórico clínico, exame físico e dos exames complementares. E conversar com o tutor sobre o procedimento anestésico, esclarecendo as possíveis dúvidas.
A medicação pré-anestésica, visa oferecer tranquilização, sedação e analgesia, para direcionarmos o animal ao local do procedimento com menos estresse e ansiedade, o que contribui para uma melhor anestesia e recuperação.
E quando cada anestesia para cachorro é aplicada?
O tipo de anestesia que será utilizada, assim como, quais fármacos que irão compor o procedimento anestésico, fica a critério do médico veterinário anestesista. Avaliamos fatores como, histórico clínico, condição física, comorbidades e decidimos o que será melhor para cada paciente.
A anestesia total intravenosa, não seria segura para pacientes que possuem disfunção hepática, por exemplo. Isso porque a metabolização do principal fármaco utilizado ficaria comprometida, levando a um tempo de recuperação muito maior.
Todos os fármacos que empregamos, seja na anestesia total intravenosa ou na inalatória, podem conferir benefícios e riscos ao paciente, por isso a importância de um profissional capacitado, para avaliar a melhor opção e também intervir, caso algo não ocorra como o esperado.
Por isso é fundamental ter uma dupla de veterinários de confiança: tanto o clínico ou cirurgião, como o anestesista. Nós aqui priorizamos tratamentos com veterinários e anestesistas que já conhecemos e confiamos, como a Dra. Bárbara que fez um ótimo trabalho na cirurgia de entrópio do Prince, em dupla com a Dra. Nathalia.
Anestesia em cachorro pode matar?
Entender os riscos e complicações das anestesias é super importante para que o tutor saiba qual é o cenário ao qual o seu animal está entrando. Afinal, como qualquer cirurgia em humanos, os procedimentos cirúrgicos e anestésicos tem risco nos nosos cães também.
Todo e qualquer procedimento, onde haja a necessidade de deprimir parcial ou totalmente a consciência do paciente, seja através de, tranquilização, sedação ou anestesia geral, possui riscos. O risco anestésico será maior, diante das particularidades de cada paciente, como o histórico clínico e comorbidades de cada um. – Dra. Barbara de Paula
Por isso fazer os exames pré-operatórios, como checkup de exame de sangue e o eletrocardiograma é tão importante para garantir que não há nada que eleve os riscos de uma anestesia. Em caso de complicações, a anestesia inalatória costuma ser mais simples de controlar, mas o mais importante é sempre realizar os exames e confiar no veterinário que atende o seu animal. Se não confia, busque outro, simples assim.
Cuidados do tutor no pré e pós anestesia
Ainda pedi que ela nos ajude com dicas de cuidados, veja:
Antes do procedimento, é muito importante que o tutor siga as orientações quanto ao jejum alimentar e hídrico. O tempo de jejum varia de acordo com a idade, porte e comorbidades. E é importante segui-lo corretamente, para evitar possíveis regurgitações e vômitos durante o procedimento, evitando complicações como a broncoaspiração e pneumonia aspirativa, o que seria uma complicação grave para o paciente.
Caso o paciente faça uso de medicação de uso contínuo, é importante seguir com atenção as recomendações do veterinário quanto a utilização da mesma, nos dias que antecedem o procedimento.
Após o procedimento, recomenda-se observar a primeira alimentação do pet. Caso o animal se alimente ou beba água com muita rapidez/ansiedade, fracione a alimentação e forneça água aos poucos. Assim, é possível evitar riscos, como vômitos. É orientado também manter o paciente em local aquecido, fora de correntes de vento/ar frio, principalmente em dias mais frios e animais de porte pequeno, com pouco peso/massa muscular. Isso porque possuem maior dificuldade em manter a temperatura corporal.
A Alta só acontece quando o paciente se encontra alerta, responsivo ao ambiente e com parâmetros vitais estáveis. Isso porque esse cuidado minimiza ao máximo o risco de possíveis complicações em casa. Mas, sempre é importante lembrar que caso o tutor observe algo diferente no comportamento animal, procure o veterinário responsável, para avaliação.
E em casos em que o paciente tenha apresentado complicações relevantes durante o procedimento e não julga-se seguro a alta, é importante seguir com processo de internação. Assim ele será monitorado constantemente, até ser seguro a liberação para a volta pra casa.
Nossas experiências com anestesia para cachorro
Aqui já passamos por 8 procedimentos cirúrgicos entre todos os chow chows, sendo5 castrações, 2 entrópios e 1 ortopedia. Apenas na primeira castração, da Maya, não seguimos o protocolo adequado, por falta de conhecimento e não recomendamos. Isso porque hoje sei que a vida dele estava em risco. Na castração da Maya a anestesia foi Injetável e sem realização de exames prévios.
Até a castração do Prince 3 anos se passaram, eu aprendi muito sobre cuidados caninos, conheci bons veterinários que me ensinaram muito. E a partir dali, sempre fiz os exames solicitados e cirurgias com a anestesia mais segura possível, a Anestesia Inalatória para cães. Confesso que eu não conhecia até essa entrevista coma dra. Bárbara, sobre a anestesia parcial intravenosa, mas será pauta em conversas de próximas cirurgias.
E você, já anestesiou seu cachorro? Tem mais dúvidas sobre anestesia para cachorro? Comente aqui e já vai no Instagram da Dra. Bárbara de Paula conhecer mais sobre ela.
Escrito por
Fernanda Rabaglio
Mãe do Prince da Maya e "tia" do Leon! Sou designer especialista em redes sociais e me encontrei no mercado pet com o Instagram dos @ursinhoschowchow. Aqui compartilho os aprendizados e experiências com esse trio insano e apaixonante!